Vilma não suportava escrever até o fim das páginas de seu caderninho. Achava que sua letra ficava feia, disforme, então só escrevia até a metade. Se alguém quisesse saber o resto da receita, haveria de virar a página. Vilma deixava os sapatos na entrada de casa, dormia sempre do lado esquerdo da cama do casal, organizava as camisas por cor e os filhos por ordem de idade.
Suas manias não se acabavam por aí não. Por isso, quando o casamento era namoro, ela ouvia dele “única, você é uma pessoa única!” e foi por isso que se casou com ela.
Casados há mais de 20 anos, as manias se tornaram para Osvaldo insuportáveis, em vez de graciosas como outrora. Para Vilma a palavra “única” se tornou rotina: única a se deitar, única a falar, única a ouvir, única a tentar conviver, única a manter a família. Sentia-se única e sozinha.
Vilma enchia o copo de alumínio com água natural e gelada para que ficasse mista, colocava ao lado da cabeceira do seu lado da cama, deitava-se após apagar as luzes e dormia sem beber sequer um gole d’água. Se em algum dia não houvesse água gelada na garrafa da geladeira, Vilma se zangava e punia de alguma forma o responsável. Mesmo assim, nunca bebia a água. Talvez apenas no meio da noite quando acordava para ir ao banheiro.
Uma noite após chegar mais tarde e um pouco bêbado, Osvaldo reparou na esposa deitada sobre a cama, roncando suave, com sua face, gorda e rosada, suada. Notou que uma das mamas sobrava fora da camisola de alcinha. Com um pouco de asco, empurrou o peito de volta pra seda; mas, como uma geléia escorregadia, o peito teimoso tornou a escapulir. Achou aquilo engraçado e um tanto ridículo. Abanou a cabeça em negação àquilo e deparou com o copo de alumínio sobre a mesinha. Provou a água e pensou “morna”. Com o desdém de um bebum, entornou o resto d’água no chão.
Contornando a cama para o seu lado, também havia uma mesinha e, em seguida, a porta para o banheiro. Fez esse trajeto com cautela para não despertar a esposa. Retirou a gravata e entrou pela porta ainda com a imagem na cabeça da mama escapulindo.
Sentado na privada, começou a massagear o pau, ainda úmido da mijada, por vezes agarrando de leve as bolas e as deixando escapar entre os dedos, assim como o seio.
Sua barriga, enorme e murcha, lembrava a de Vilma e, sem saber por quê, isso passou a excitá-lo. Seu desejo aumentava quando se lembrava do ódio rotineiro que tinha pela mulher e imaginou que a estava enforcando. O rosto dela, rosado, se tornava vermelho, roxo e enfim cedia para o branco, pálido e morto. E então ele a fodia meio quente, meio fria, como a água.
Tudo o que imaginara foi tão real, tão enloquente, que uma simples punheta não o satisfaria. Foi ao encontro da mulher, acordando-a já penetrando e sentiu seu cheiro de rosas. Ela estava quente.
Ela acordou sorrindo, sorrindo e gemendo “eu sabia que íamos voltar a nos amar...”. E foi um sexo incrível, com toda a sabedoria da maturidade, e ele dizia que a amava, que a amava muito e que não se afastaria nunca mais e ela repetia suas palavras como se assim se tornassem verdade. E os dois corpos se amaram e os dois corpos gozaram inúmeras vezes até dormirem, exaustos.
De manhã, Vilma acordou sorrindo novamente. O marido já estava de pé e jogou-lhe beijinhos e uma piscadela. Entrou para o banheiro a fim de barbear-se quando ouviu o barulho.
Rapidamente voltou ao quarto. De seu lado da cama não se via nada, nem ninguém e estava um grande silêncio. Contornou a cama e defrontou-se com a esposa caída no chão molhado de água e, ao redor de sua cabeça, uma poça de sangue. Seu rosto estava pálido.
De súbito, não pensou direito, deixou-se levar pelo impulso do desejo e já foi logo tentando meter-se nela, mas já estava fria.
Ps: Não sei botar parágrafos nessa bosta.
Excitante!!
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